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A hora e a vez da atividade física
Por Inês Pereira Berman
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Os benefícios trazidos pela prática de atividade física são inúmeros. Seu filho só tem a ganhar, desde que sejam respeitados princípios básicos como a idade certa para iniciar cada modalidade.
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Quantos de nós passamos a infância pulando amarelinha ou brincando de pega-pega na rua, livremente? Com certeza muitos. Quantos de nossos filhos podem brincar fora de casa sem nos causar preocupação? Nada de reminiscências, por favor: hoje podemos oferecer-lhes formas muito interessantes de lazer. Esqueça as lembranças e mãos à obra! A prática de atividades físicas deve estar no topo das prioridades dos pais que realmente se preocupam com a qualidade de vida da família. E também vai ser o contraponto para a atividade intelectual. Sem falar nos inúmeros benefícios que traz à saúde.
Não faltam locais que oferecem modalidades esportivas para crianças. As boas escolas contam com equipes especializadas, que sabem equilibrar os potenciais e as limitações de cada idade; turmas mais reduzidas, de modo que cada criança seja assistida mais de perto; acompanhamento pedagógico para orientar a forma correta de conduzir os grupos e respeitar as diferenças individuais; e infra-estrutura adequada - equipamentos modernos e segurança para a prática das atividades. "Se o local não for escolhido criteriosamente, pode prejudicar, em vez de contribuir. Uma natação mal ensinada, por exemplo, pode causar pavor na criança, deixando-a traumatizada. E, nos casos mais drásticos, o trauma é irreversível", avisa Regina Maria Criscuolo Peçanha, coordenadora pedagógica da academia para crianças Bem-Me-Quer, em São Paulo.
A idade certa para começar
Segundo a coordenadora, os esportes, em geral, exigem um grau de aptidão motora que começa aos 5 anos - exceto a natação, que pode ser ensinada aos bebês a partir de 6 meses. O ideal é que, dos 2 aos 5 anos, os pequenos façam uma iniciação lúdica às atividades físicas. Nesse trabalho, são utilizados blocos e bolas de espuma, entre outros objetos, sobre tatames e colchões macios, onde eles desenvolvem a consciência corporal, a coordenação motora, a lateralidade, o equilíbrio e a agilidade. "É preciso levar em conta que, do 0 aos 6, e dos 6 aos 10 anos, a criança vive experiências motoras diferentes. Outro fator é que, a partir dos 6 anos, ela entende melhor as regras dos esportes e, quanto mais perto dos 10, mais se aproxima do ideal técnico", delimita o professor e orientador técnico Paulo Sassi César, da Bem-Me-Quer.
"A maneira como o esporte é ensinado e treinado também faz toda a diferença. A potência muscular deve ser iniciada gradualmente, e o trabalho de força e resistência, totalmente evitado. Durante a infância, o corpo está crescendo e a carga excessiva pode comprometer o desenvolvimento dos ossos e o processo de crescimento", alerta o professor. Nesse sentido, atividades como a musculação não podem ser praticadas antes da adolescência. "E a ginástica olímpica, que enfatiza muito o trabalho muscular, precisa ser introduzida num ritmo bem lento", ele acrescenta. Quanto à freqüência, os profissionais apontam duas ou três vezes por semana como número ideal. "Se a mãe optar por uma freqüência maior, deve tomar o cuidado de alternar as atividades para evitar que a criança se sinta estressada", aconselha Regina Peçanha.
Confira, abaixo, os benefícios e riscos de cada modalidade e a idade a partir da qual pode ser praticada:
Futebol, vôlei, basquete, handebol
IDADE:
5 anos
BENEFÍCIOS:
Trabalham a potência muscular das pernas (especialmente o futebol); melhoram a capacidade cardiovascular, a velocidade de reação, a coordenação motora e a visão periférica; incentivam a socialização, as parcerias, o trabalho em equipe
RISCOS DE LESÕES:
Entorses de tornozelo e joelho (especialmente o futebol); rompimento de ligamentos; luxações, trincas e fraturas nos dedos, especialmente vôlei e basquete
Natação
IDADE:
6 meses
BENEFÍCIOS:
Este esporte completo atua em maior ou menor grau em todas as partes do corpo; melhora a capacidade cardiovascular e respiratória; desintoxica os pulmões; trabalha a consciência corporal e a interação dele com o meio líquido
RISCOS DE LESÕES:
Contratura muscular e problemas no ouvido
Judô, jiu-jitsu, capoeira
IDADE: 5 anos
BENEFÍCIOS: Desenvolvem a coordenação motora, a lateralidade, a flexibilidade e a agilidade, ensinando a cair e mobilizar o outro; trabalham valores como o respeito e a disciplina; melhoram a concentração
RISCOS DE LESÕES: Entorses de tornozelo e joelho; rompimento de ligamentos; luxações
Tênis
IDADE: 5 anos
BENEFÍCIOS: Trabalha a lateralidade, a concentração; desenvolve flexibilidade, velocidade, agilidade, coordenação motora e musculatura
RISCOS DE LESÕES: Entorses de tornozelo e joelho; rompimento de ligamentos; luxações; tendinites
Ginástica olímpica
IDADE: 7 anos
BENEFÍCIOS: Contribui para a boa base motora e psicomotora; aumenta a potência muscular de braços e pernas
RISCOS DE LESÕES: Entorses de tornozelo e joelho; rompimento de ligamentos; luxações. A prática excessiva pode prejudicar o processo de crescimento, por isso é indicada uma ou duas vezes por semana. Se possível, alternada com natação, pois tenciona muito a musculatura e a natação relaxa
Balé
IDADE: 5 anos
BENEFÍCIOS:Estimula a coordenação, a lateralidade; desperta a musicalidade e a criatividade
RISCOS DE LESÕES:Entorses de tornozelo e joelho; rompimento de ligamentos; luxações
Cinco regras básicas para evitar lesões no corpo de seu filho:
- Cuidado com a sobrecarga, que pode provocar contraturas, distensões e entorses.
- O aquecimento é fundamental antes de iniciar qualquer atividade.
- Evitar movimentos que não esteja preparado para fazer.
- No caso dos esportes coletivos, não prender a bola.
- Não forçar o corpo além de seu limite de resistência.